terça-feira, 14 de setembro de 2010

Entrevista a Fernando Pessoa


Boa tarde, Fernando Pessoa. É um prazer estar em sua companhia, sinto me honrada por me conceder essa entrevista e para retribuir resolve traze-lo a esse adorável local. Onde poderemos conversar mais a vontade. Bem, Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, e faleceu no ano de 1935.  No virar do século, sessenta e cinco anos depois de sua morte, o seu vasto mundo literário ainda não está completamente inventariado pelos estudiosos, e uma importante parte da sua obra continua à espera de ser publicada.


Feito essa retrospectiva posso começar nossa entrevista?

Por favor, quando quiser! – respondeu

Como você se define?

Eu sou aquilo que perdi;
Quero sempre fazer, ao mesmo tempo, três ou quatro coisas diferentes; mas no fundo não só não faço, mas não quero mesmo fazer nenhuma delas. A ação pesa sobre mim como uma danação: agir, para mim, é violentar-me.
Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.

O senhor é um homem religioso, acredita em Deus?

A fé é o instinto da ação.

Às vezes sou o Deus que trago em mim
E então eu sou o Deus, o crente e a prece
E a imagem de marfim
Em que esse Deus se esquece.

Às vezes não sou mais que um ateu
Desse Deus meu que eu sou quando me exalto.
Olho em mim todo um céu
E é um mero oco céu alto.

O que recorda do seu passado?

O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

O amor sempre esteve presente em seus poemas, para você o que é o amor?
O amor é um sonho que chega para o pouco ser que se é.

Você já amou profundamente alguém?

Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a idéia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso – em suma, é a nós mesmos – que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma idéia nossa de amor.

Sente saudade da vida?

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

O senhor se considera um homem sincero?

Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária.

O senhor pode revelar o que sente um poeta?

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

 Se pudesse resumir a sua vida em poucas palavras, o que diria?

Eu era um poeta impulsionado pela filosofia, não um filósofo dotado de faculdades poéticas.
Amei e odiei como toda a gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintio,
E para mim foi sempre a excepção, o choque, a válvula o espasmo.

Pode revelar a formula de sua escrita, qual o seu segredo para encantar tantas pessoas?

Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
E, assim, me construo a ouro e seda em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Dizem que você viveu uma vida solitária e que se escondia das pessoas, o que acha de nós os homens comuns e porque se escondia do mundo?

Os homens são fáceis de afastar. Basta não nos aproximarmos.
A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.

Que mensagem deixa para as pessoas?

PEDRAS NO CAMINHO?
GUARDO TODAS, UM DIA VOU CONSTRUIR UM CASTELO...

Postado por Leane de Magalhães Silva, Helenice, Niracy e Cida.

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