quarta-feira, 15 de setembro de 2010

RICARDO REIS POR LEILA PERRONE



Ricardo Reis não se pergunta “quem sou?” mas “quem somos?”, o que introduz uma grande diferença. Sabendo que nunca terá resposta à primeira pergunta (“Sim, sei bem / Que nunca serei alguém (...) / Que nunca saberei de mim” – OP, p.286), encontra certo consolo na generalização filosófica: “Quem nos conhece, amigo, tais quais fomos? / Nem nós os conhecemos” (OP, p. 283). Ricardo Reis tenta reduzir o vazio subjetivo ao “nada’ da condição humana em geral, numa racionalização que dói menos do que o sentir individual. Distanciando, altivo, Reis é a ficção da renúncia: “Nada nos falta, porque nada somos./ Não esperamos nada/ E temos frio ao sol”(OP, p. 257). A renúncia de Reis não é a desistência de Fernando Pessoa “ele-mesmo”; ao contrário da desistência, a renúncia é uma farsa de vitória, pelo distanciamento voluntário  da razão filosófica.

Postado por: Tatielly, Sônia, Selma, Marisângela e Juliana

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